sábado, 5 de fevereiro de 2011

Aurora

                                                            Guercino

Aurora
Goddess sparkle
Shoot me
Beyond this suffer
                     
              Bjork

Noturno e Aurora

                                         
                                          M.A.

Aurora

Aurora, faísca de deusa que principia o fogo, que em sua dança de raios e chamas sacrifica os sonhos e ilusões da noite, desidratados na mesa matinal do belo horizonte;
Aurora, seus tiros de misericórdia lançam corpos refugiados na noite aos trilhos foscos de prosseguir aquilo que não bem se sabe, contudo se clama nesta serra de seres fictícios, também fadados a recomeçar. Locomotiva que arrasta em carne viva, que pulsa e jorra ao sol do meio dia: metade de dia, metade daquilo que não se sabe e falta...
A pausa alimenta de carvão negro que em breve será vermelho em brasa, queimando barato ao primeiro contato do pensar do fogo; Queimam lágrimas amedrontadas, covardes, que condensadas municiarão em diamantes os tiros de Aurora na fronteira entre luz e sombra: ciclo de dor e sorte que sustenta a sucessão de dias, mas que naquele instante simplesmente alimenta os fornos insaciáveis do trem sem destino.
Eis que agora é tarde! Muito tarde, vez que já não há mais espaço para meia volta: o mundo já completa volta e meia na linearidade cambaleante em torno do sol.  O calor se lança em raios, fertilizando o solo em fúria, muito embora a fadiga o torne cada vez mais terno, despertando noturno de seu profundo sono de luz.
O bocejar noturno tinge de azul, vermelho e carvão o belo horizonte, que vaidoso engole o imenso centro de fogo, que por sua vez se conforma em assumir novos velhos compromissos em outras faces do que supostamente seria seu vasto mundo.
Reina então a escuridão, atingida de raspão pelos diamantes de Aurora, que ora adornam quase resignados o grande manto de noturno: brilham esperançosos que a força de sua união possa preservar o que é de direito ao fogo, formando o que muitos chamariam de constelação de fé.
Talvez por isso não se conformam, lutam! Laçam-se cadentes rumo ao desconhecido, cientes de sua condição de estrelas...
Estilhaçadas, forram o chão em um delicado véu de poeira de estrelas, cobrindo a face de Aurora, que neste instante ainda dorme o sono de remorso de seus silenciosos tiros, até que o último grão de estrela lhe cobre totalmente as narinas comprimidas por desejo e fé, seus pulmões então se dilatam na busca de ar neste vácuo universo. Aurora desperta, senhora entre sonhos e realidades. Continua!
M. A.

Azul Vermelho Carvão


                                        
                                           
                                            M.A.